quarta-feira, 20 de abril de 2011

Desprezo - Capítulo 9 - Planos


AVISO AOS NAVEGANTES:
Aqui está sendo postada uma fanfic de Harry Potter, com ship Draco/Harry.
Não gosta? Não leia.
Gosta? Seja bem vindo e, por favor, comente!
Sim, essa é a mesma fic que estava sendo postada no fanfiction.net.
Saí de lá, pois o site não me deixava adicionar novos capítulos nem escrever uma nova história, mesmo depois de fazer outro profile e enviar inúmeros emails pedindo ajuda ao suporte. Espero ver todos os meus leitores do outro site, aqui!
Sejam todos muito bem vindos!
A quem ainda não leu, os capítulos se encontram organizados no Arquivo, por número e nome. Estejam à vontade para dar opiniões.
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Capítulo Nove! .Hei hei galerinha, demorei um pouquinho mas voltei, aqui está o capítulo nove como prometido. Um capítulo um tantinho longo com um pouco da visão de nossa Pansy Parkinson. Que fique claro que a Pansy que proponho aqui não tem nada a ver com a Pansy que J.K. descreve, tanto física como psicologicamente, ela é de uma maneira nova como eu gostaria que fosse no livro. Espero que gostem! Deixem comentários, por favor, ou não tenho como saber se devo continuar postando ou não. Comentários deixados em qualquer capítulo anterior será sempre respondido quando eu postar o mais novo, está bem?



Resposta ao comentário deixado no primeiro capítulo e outros recados:

Monica: Seja muito bem-vinda, minha cara. Espero que goste da história e claro que vou adorar ter seus comentários por aqui. Comente sim que eu leio com prazer.


Day seja bem vinda como minha seguidora ^^ espero que goste da história e do blog e esteja a vontade para fazer comentários.




Bem, deixo vocês com o capítulo nove e aguardo as respostas a ele. Realmente espero que estejam apreciando a história. Boa semana pra todos! Como sempre, notas e explicações ao final do capítulo. beijos mil!




- Capítulo 9 -

Planos

Dicionário de Língua Portuguesa
Cumplicidade:
nome feminino
1.       qualidade de quem é cúmplice
2.       auxílio prestado à realização de um crime, que não envolve uma participação ativa no mesmo
3.       conivência
4.       compreensão profunda, por vezes não expressa, entre duas pessoas.




As chamas verdes subiram diante de seus olhos. Odiava o pó de flu. Mas que outra escolha tinha? Residências eram protegidas contra aparatação, e ele não queria ter que prestar satisfações a ninguém. Odiava o fato de que toda vez que ia vê-la os criados o recebiam com aqueles olhos de malícia. Bando de enxeridos. A amizade deles era apenas da conta deles e de mais ninguém. Não importava para ninguém como eles se tratavam ou o que acontecia entre os dois. Por isso pegava a rede de flu. Precisaria se espanar ao chegar, mas pelo menos sairia diretamente em seu quarto.
Avaliou-se um minuto no espelho antes de vestir por cima um casaco protetor. Estava apresentável. Trajava um casaco azul escuro de botões largos na frente e uma grande gola dobrada, de corte justo e mais comprido atrás como uma casaca e com grandes punhos dobrados sob os quais se via um pouco dos punhos da camisa branca, uma calça cinza de camurça e botas de couro de dragão marrons até os joelhos. Deslizou os dedos pelos cabelos louros e vestiu o grande sobretudo de seda negra que cobria quase todo o seu corpo, puxando em seguida o largo capuz  e mergulhando na lareira proferiu o destino com firmeza. Imediatamente foi sugado pela sensação familiar de rotação e cerrou os olhos, mantendo a calma até que sentisse o baque em seu estomago demonstrando que tinha chegado.




Pansy’s POV


 II nenhuma alusão a qualquer que seja a garota,
o mais próximo que encontrei da Pansy como a vejo, para que entendessem II


Deslizou a meia negra lentamente pela coxa, conferindo se estava completamente esticada e sorriu ao se fitar no espelho. Agora sim, estava perfeita. A gola alta e rígida do vestido verde escuro ser erguia atrás e nas laterais e se abria na frente num belo decote quadrado, seguindo a desenhar todo o seu corpo até se abrir numa saia suavemente rodada no meio das coxas. Acompanhando o desenho, as mangas lhe cobriam os braços bastante justas, mas nos punhos se soltavam fazendo leve ondulado e cobrindo metade das mãos delicadas. Meias negras recém colocadas envolviam-lhe as pernas até as coxas e um scarpin negro de bico redondo fechava o figurino. Passeou os dedos pelos cabelos negros outra vez, ajeitando-os num coque frouxo que deixava algumas mechas onduladas caírem na frente, dando um ar de elegante displicência. Gostava dos seus cabelos. Eram exatamente como os da mãe, sedosos e profundamente negros, fazendo ondas delicadas.
Suspirou ao pensar na mãe... Há quanto tempo não a via? Tanto que nem sabia dizer. Depois dos primeiros dois anos simplesmente desistira de ir visitá-los em Askaban. Mesmo sem os dementadores o lugar era deprimente, frio e escuro. Seus pais ao invés de cederem à derrota e humildemente, ao menos por fora, colaborarem com as investigações e assim serem liberados, preferiam esbravejar e gritar que o lord das trevas iria retornar. Voldemort. Estremeceu. Ela lembrava os olhares cobiçosos que ele lançava a qualquer beleza que despontasse, inclusive a sua. Odiava aquela marca em seu braço que a obrigava a usar mangas compridas para não receber olhares de desgosto na sociedade. Por mais que todos soubessem da marca, ainda assim ficavam indignados ao vê-la. Às vezes a caveira ainda ardia em seu antebraço esquerdo enquanto ela tinha pesadelos sobre o passado. As coisas que fora obrigada a ver e... Fazer. Não fosse por seus pais ela teria fugido para bem longe, para qualquer país europeu, ou mesmo para América, onde pudesse viver com conforto e sendo servida como merecia. Ela não nascera para obedecer a ordens. Nascera para mandar. E odiara cada segundo como serva do lord das trevas.
Oh, é claro que no começo fora imensamente divertido. E como não seria? Ela e os de sua casa eram respeitados, e todos no círculo íntimo de Draco Malfoy, temidos. Pansy podia desferir ameaças com apenas um olhar e conseguia rapidamente tudo quanto queria das pessoas. Entretanto conforme o tempo passava, as coisas perderam a graça... Mesmo os garotos de sua casa tinham medo dela, seus pais ficaram mais e mais fanáticos, ela passou a ver Voldemort com mais freqüência e rapidamente foi marcada como uma dos seus, como seu gado. Ela ainda lembrava a exata sensação de quando ele pressionara a varinha em seu pulso, o quanto doera, como se aquela cobra estivesse abrindo caminho entre sua pele, levantando-a, se infiltrando, e ali ficaria, para sempre. Ela não chorara. Nem ao menos estremecera. Não. Ela era forte, forte e decidida. Diziam até que cruel às vezes. Mas nunca quisera machucar ninguém. Não de verdade. Não para torturar, não para matar.
Uma coisa era fazer brincadeiras de mal gosto, provocar humilhação pública, infernizar a vida de outros, mostrar aos inferiores seus devidos lugares, e rir-se do embaraço e desgraça de seus atingidos. Outra coisa bastante diferente era torturar crianças. Somente Draco sabia que ela não cumprira quase nenhuma das ordens e que precisara de todas as suas forças para sorrir e agüentar a respiração pesada de Voldemort em seu pescoço enquanto ele proferia o quão satisfeito estava. Era uma sorte que Draco lhe tivesse ensinado oclumência¹ e que ela tivesse se saído tão bem naquilo. 
Nunca deixara de pensar que os trouxas eram desprezíveis, mas os achava necessários. Assim como seus criados eram desprezíveis e necessários. Afinal. Não era trabalho de um bruxo cultivar comida, pavimentar estradas, construir trens, edificar residências, e coisas semelhantes. Aos bruxos deviam ser destinados trabalhos melhores, de mais inteligência, delicadeza e precisão. Todo bruxo, fosse sangue-ruim ou não, ainda assim era melhor do que os trouxas e merecia ser servido por eles, assim como os sangue-puros mereciam ser servidos pelos sangue-ruins, era apenas como a lei da sociedade funcionava. E por que mexer em algo que vinha funcionando tão bem há tanto tempo? Com todas suas intenções, agora graças a Voldemort, eles tinham que tratar a escória como iguais, ao menos aparentemente, e os sangue-puros não ganhavam mais o devido respeito, pelo contrário, eram até mal vistos. Parabéns, Voldemort. Pensou com desprezo. Sim. Teria rido de alegria quando ele caíra se não soubesse o que estava por vir com aquilo.
Balançou a cabeça para si mesma. Aquilo era passado, e ela não devia viver dele. Fosse como fosse, ela tinha aprendido a se cuidar sozinha e vivia muito bem, obrigada, tomando conta dos negócios dos pais. Dizia-se até que era melhor administradora, uma diretora mais rígida e mais atenta, mais concentrada e com melhor visão de negócio do que seu pai. Se dependesse dela, logo da tecelagem de tecidos finos e raros, sairia uma grife, e da grife lojas que recuperassem ao nome Parkinson, a elegância, admiração e respeito que merecia. Não. Ela não seria posta de lado pelos erros de seus pais. Quanto mais a sociedade estivesse disposta a esquecê-la, tanto mais estaria disposta a se impor e mostrar que podia com eles, que era uma Slytherin, uma Parkinson e que isso ainda valia alguma coisa. Afinal, se Draco fora o príncipe da Sonserina, ela fora a princesa. E uma vez princesa, nunca se perde a majestade. Nascera para comandar, para construir um império e estamparia isso na face politicamente correta do novo mundo bruxo. Fosse como fosse. Eles teriam de engoli-la.
Todavia por agora preferia se concentrar no motivo pelo qual se arrumava, terminando com algumas gotinhas de delicado perfume atrás das orelhas. Ia visitar Draco. Já fazia alguns dias que não o via, dois ou três e havia assuntos a tratar. Como sobre a festa de amanhã. Se ele iria ou não, quais eram seus planos, expor pra ele suas preocupações, pedir conselhos sobre uma companhia de tecelagem que a procurara para fazer negócios. As conexões de Draco eram sempre úteis. E é claro. Ela sentia-se só, e o sonserino sempre conseguia aplacar esse sentimento. Já estava se encaminhando para a porta quando ouviu o baque. Girando a cabeça acabou por sorrir. Para que ir atrás de seus desejos se eles caminhavam livremente para dentro de seu quarto? Com elegância e habilidade natural, Draco Malfoy saiu de sua lareira, e parou em pé em frente a ela, fitando-a por trás do capuz negro que lhe escondia quase toda a face.
“Boa tarde Srta Parkinson.”
Murmurou em gracejo. E mesmo parcialmente escondido, ela podia ver o sorriso torto e charmoso.
“Draco.”
Pansy sorriu de volta e se encaminhou pra ele. Com cuidado, ajudou-o a despir a veste negra e estalou os dedos. Com um pequeno pop, a elfa doméstica surgiu no quarto e Pansy lhe atirou a veste de Draco.
“Wicky, leve isso para espanar. E traga você mesma, uma bandeja com salgadinhos e um bom vinho branco.”
“Sim, senhorita.”
Respondeu a criada, fazendo uma reverencia respeitosa. Pansy franziu seus lábios cheios ligeiramente.
“Wicky.”
“Sim, senhorita.”
“Senhor Malfoy não está aqui. Estamos entendidas? Isso é uma ordem.”
“Perfeitamente, senhorita Parkinson.”
Com um olhar satisfeito, a slytherin viu a elfa desaparecer, e só então voltou a fitar Draco. Este já se encontrava estirado em um dos divãs da ante-sala de seu quarto, onde se encontravam. Deslizou os olhos pelo corpo dele de cima a baixo. Ah sim. Ele estava delicioso. Sim, ela gostava dele e isso não era mistério algum. Draco era, é claro, visivelmente bonito, e não a incomodava nem um pouco o fato de ter acesso a tudo aquilo quando quer que se sentisse desejosa de um carinho ou ansiosa por esquecer toda a irritação do dia naqueles braços alvos. Por Merlin, até aquela sangue-ruim da Granger sabia como ele era belo! Ela já a ouvira comentar uma vez com uma amiga qualquer, ainda na época da escola, como Draco tinha... Quais haviam sido as palavras? Oh, sim. Como ele tinha atrativos. Sinceramente. Coçara de vontade de dizer então, ‘gostoso é a palavra que está procurando, Granger, gostoso.’ Aquele ser ridículo não sabia nem ao menos ter tesão. Imaginava como seria uma transa dela com o noivo weasel. ‘Oh, weasel, você tem tantos atrativos!’. Ugh.
Fez uma expressão de desgosto que rapidamente se desfez num olhar condescendente às botas que se apoiavam em seu divã, sentando-se em frente a Draco e cruzando as pernas, sem tirar os olhos dele um só minuto. Mas não era só isso. Nunca fora só a beleza, só o tesão. Draco... A compreendia. De um jeito que nenhum outro de seus amigos podia fazê-lo. Ele entendia pelo que ela estava passando, ele a respeitava, não a olhava como se ela fosse uma garotinha tentando dar seus passos em sapatos muito largos pra ela, ele a admirava até. E ela precisava dessa admiração, desse respeito, desse carinho, desse entendimento mútuo.  
Por muito tempo, ele sequer notara sua presença, seus esforços por fazer-se notar por ele. Mas muita coisa havia mudado depois da guerra, e hoje ela sabia que podia contar com ele e que ele também contava com a presença dela. Era um acordo mútuo. Não. Ela não tinha ilusões, nem desejos de se transformar a próxima senhora Malfoy. Draco não era pra isso, para um casamento apaixonado. Ele ia encontrar uma noiva adequada, que fosse uma perfeita pintura para apresentar a sociedade, iria lhe prestar seu devido respeito e fazer de tudo para que ela fosse feliz, todavia jamais lhe daria seu coração, sua paixão. Pansy duvidava da existência de algum ser na terra que pudesse atingir o coração de Draco. E se fosse para ela tê-lo, ela não se contentaria com aquilo, iria querer tê-lo por inteiro. Por isso preferia que as coisas continuassem assim. Eram melhores amigos, e era o que bastava.
“Eu estava indo justamente visitar sua casa.
Comentou afinal, após um gole no vinho caro que Wicky trouxera, quando deixara também a bandeja com os salgadinhos delicados e as vestes do sonserino completamente novas.
“Grandes mentes pensam parecido. Eu estava planejando vir aqui desde ontem.”
Respondeu em tom displicente, tomando o próprio vinho. Pansy sorriu e se ergueu, num movimento estava junto dele, com um joelho de cada lado de seu corpo, uma mão levando um salgado até os lábios dele, que ele aceitou, mastigando devagar, e a outra segurando a taça de vinho, um riso divertido brincando nos lábios.
“E qual seria o motivo?”
Draco revirou os olhos.
“E eu lá preciso de motivos pra vir aqui?”
Indagou, retribuindo o sorriso divertido e irônico ao segurar-lhe a nuca, puxando-a pra mais perto e pousando os lábios quentes junto de sua orelha. Foi a vez dela revirar os olhos enquanto o empurrava de volta, pra poder fitar os orbes prateados enquanto falava.
“Você sempre tem um motivo pra tudo, Draco. Você não iria vir aqui simplesmente pra me ver...”
“Ora, deixe de ser estraga prazeres... Você está uma delícia nesse vestido, sabia? Ou talvez seria mais adequado dizer que essas vestes caem-lhe muito bem, senhorita Parkinson.”
“Draco eu...”
Suspirou quando outro beijo, mais intenso, foi pousado em seu pescoço e um braço envolveu-lhe a cintura. Como ela sequer podia vencê-lo numa argumentação daquela forma? Logo a taça já não estava mais em suas mãos e aqueles lábios diabólicos encontraram os seus. Ela cedeu. Esquecendo-se sobre motivos, negócios, discussões, ela se deixou apenas beijar e mergulhar naquele mundo íntimo dos dois, onde preocupação alguma podia entrar. Ah, com que prazer e saudade deixou-se ser saqueada por aquela língua, explorada pelas mãos firmes. Num minuto ele habilmente a havia deitado, trocando posições e ela sequer se importava de saber onde tinham ido parar as taças. Só o que importava era o peso quente sobre seu corpo e o gosto dele no seu.
“Está bem... Mais tarde então.”
Murmurou após vários minutos, com voz ofegante. Quase pode ouvir o riso baixo enquanto dedos fortes lhe envolviam a cintura e uma língua quente escorregava por trás de sua orelha.
“É... Mais tarde...”
Ele concordou num tom quente e cheio, macio, logo a puxando pra si novamente, soltando-lhe as mechas negras do coque e fazendo-a esquecer sequer do que é que teriam de falar mais tarde. Enquanto botas, sapatos, cacaco e camisa iam parar no chão, ela não conseguia deixar de pensar que não sabia por que, no entanto aquela concordância não lhe pareceu nada convincente.
Duas horas mais tarde, ela sorriu enquanto levava uma nova colher do mousse de chocolate à boca e observava o louro a sua frente que parecia entretido em pensamentos. Sem pressa, analisou cada curva e músculo do corpo gloriosamente estendido nos lençóis de linho branco, completamente nu. As coxas firmes, o abdômen marcado, a tatuagem com o símbolo principal do brasão Malfoy junto da costela, as cicatrizes finas, mais brancas do que a pele extremamente alva, que pareciam, ao invés de deformar, evidenciar ainda mais a perfeição dos traços do corpo, seguindo em tiras diagonais, como se unhas de aço houvessem rasgado a pele macia com precisão cirúrgica. Ela sabia que as lacerações ainda doíam nele. Não fisicamente. Não. Mas às vezes, quando estavam assim, ele as olhava e uma sombra perpassava seus olhos, antes que os desviasse.
Até mesmo a marca negra desenhada no largo pulso esquerdo parecia adequada naquele corpo perfeito. Ainda sorrindo, Pansy se inclinou mais sobre ele, dedilhando as cicatrizes em seu peito, percorrendo-as suavemente até ver os pouquíssimos pelos louros se arrepiarem e ter certeza de que ganhara sua atenção, e quando se voltou para olhá-lo, ele de fato a estava olhando novamente. Ela sorriu. Com um gesto delicado, separou um pouco de doce na colher de prata e estendeu pra ele. Draco aceitou o gesto, recebendo o doce nos lábios que logo foram cobertos pelos macios e cheios dela. Trocaram um beijo lento, apreciando o doce em suas bocas, até estarem ofegantes de novo.
“Então, agora vai me contar por que está aqui...?”
Ela indagou afinal, pondo a tacinha de lado e desenhando com a ponta do dedo o maxilar bem marcado dele, apoiada sobre seu corpo.
“Você não desiste não é...?”
Ele lhe indagou, sorrindo, enquanto uma mão subia e descia pela lateral do corpo dela e seus lábios deixavam um beijo molhado junto a sua clavícula.
“Já me interrompeu duas vezes, quer mesmo tentar uma terceira?”
Replicou a sonserina, rindo baixinho, fazendo-o rir com ela e deixar a cabeça loura cair no travesseiro com ar cansado.
“Ah, agora eu vejo, era esse seu plano o tempo todo, me cansar à exaustão e então arrancar de mim todas as informações.”
Com um sorriso travesso, ela lhe lambeu os lábios e o fitou, rindo.
“E deu certo?”
Sorrindo de volta, ele acariciou as mechas negras e observou enquanto os dedos as percorriam até o fim, trazendo uma até o rosto e sentindo o perfume gostoso.
“Bastante certo.”
“Bem...” Ela começou, içando seu corpo para poder se sentar ao lado dele meio inclinada de lado, apoiando a cabeça na mão e o cotovelo na cama. Tenho assim uma visão melhor das reações em sua face. “Para estar aqui num sábado eu suponho que seja sobre a festa de amanhã.”
Os olhos de prata escaparam aos seus. Por que ele estava fugindo dela daquela forma? O que havia de tão importante, de tão secreto que ele relutava tanto em compartilhar? Ela nunca lhe dera motivos para não acreditar que ele podia lhe contar qualquer coisa. Ela sempre estaria ao seu lado, não importava qual fosse a situação. Conhecia aquele coração obscuro melhor do que quase todos, a não ser talvez Narcisa Malfoy. Esperou enquanto ele parecia reunir fôlego para lhe dizer o que vinha tentando desde que decidira ir a sua casa. Sim. É claro que havia um motivo. Draco Malfoy não fazia nada sem um motivo. Ela sabia disso. Pareceu não ligar para o que ele ia dizer, enquanto esperava, deslizando os dedos pelas mechas de seus cabelos, desembaraçando-os pacientemente.
“Pansy.” Ela o olhou, como se indagasse ‘sim?’, o loiro suspirou. “Você sabe melhor do que ninguém... O que eu passei em Hogwarts todo esse... Bem, o que eu queria dizer é... Não é sobre a festa de amanhã, é também sobre a festa, mas é principalmente sobre esse assunto que vem martelando em minha cabeça desde que... ah, eu não sei dizer, desde os quatorze, talvez. O que eu realmente estou tentando dizer, é que eu pensei que de todas as pessoas, você saberia não me julgar e entender isso racionalmente como a coisa simples que é...”
“Você é doido pra foder o Potter.”
Ela cortou, revirando os olhos, cansada daquela enrolação. Ah. Era isso então. Depois de seis anos eles finalmente chegavam aquele ponto. Sim. Ela sabia já há muito tempo. Draco a ficou olhando, aturdido, ela apenas retribuiu, sarcástica. Não, não ia ficar pensando se aquele momento era difícil pra ele ou coisa parecida. Ele tinha toda a razão, era bastante simples, e ela não tinha por que ter de ficar tendo tato com aquilo. Ele queria traçar o testa-rachada, bem e daí? Era estranho, mas podia ser bem pior.
“Como você...? Por Merlin! Essa coisa ridícula é tão clara assim?”
Um sorriso sádico brincou em seus lábios. Ah sim. Aquilo era divertido.
“Se é bastante claro? Depende Draco. Você considera transar com uma garota e gemer ‘Potter’ no ouvido dela, bastante claro? Não sei. Diga você.”
De ainda mais aturdida, sua expressão endureceu e ele passou os dedos nervosamente pelos cabelos.
“Eu não... Quando?”
Indagou por fim, um murmúrio baixo e irritado. Ela riu.
“Eu sei desde o quinto ano, Draco. Foi uma única vez, mas foi o que bastou. Não pode ser mais fácil desde então juntar dois mais dois toda vez que alguém menciona aquele palerma ou que você fala nele. Argh, Draco. Pare de me olhar com essa cara. Eu não contei pra ninguém, você sabe que não. Depois, eu não estou nem aí pra isso.”
Olhos prateados a analisaram por quase três minutos inteiros antes que ele falasse.
“Então você não se importa? Você não acha que eu sou gay ou coisa parecida?”
Sua gargalhada gostosa ecoou no quarto e ela apenas deslizou os olhos pelo próprio corpo coberto de ligeiras marcas e arqueou a sobrancelha, ao deslizar o dedo pela virilha dele vendo todo seu corpo se arrepiar.
“Isso parece gay pra você? Olha. Eu não sei que distúrbio psicótico te faz querer isso, mas se você quer, quem sou eu pra questionar? O que eu não agüento mais é ver essa sua cara emburrada. Vá lá, pegue o cara de jeito e acabe com isso logo, pelo amor de Deus. Essa sua expressão ‘quero mas nego até o fim’ já saiu de moda faz tempo.”
“Não me faça essa cara como se eu fosse uma virgenzinha de quinze anos. Eu tenho minhas razões pra ficar com receio. Como eu ia saber que você não ia se importar?
Ele reclamou, se erguendo pra pegar um pouco d’água e depois de um gole, se dirigindo até a pia para lavar o rosto. Atrás dele, o riso gostoso e cheio de malícia e sarcasmo ecoou no quarto.
“Bem, se eu lhe dissesse que estava super afim de uma mulher gostosa, você ia me dizer o quê?”
Ele pareceu pensar sobre isso um pouco, então um sorriso malicioso lhe torceu os lábios.
“Eu lhe diria pra me deixar assistir.”
Respondeu sem censura alguma e ambos riram, conforme ele voltava, e ela lhe jogou um robe de seda prata que ele aceitou, vestindo antes de voltar pra cama, onde ela já se encontrava vestida com o seu.
“Ao menos é o testa rachada, quero dizer, podia ser bem pior.” E diante do olhar indagativo ela deu de ombros.”Ao menos ele é gostoso. Embora não como você.”  Sorriu, mordendo-lhe o maxilar e vendo a expressão satisfeita quando ele se acomodou nos travesseiros, recebendo-a junto a si. Com uma careta ela acrescentou. “Imagine se fosse a sangue-ruim Granger.” E a feição de Draco imitou a sua, fazendo-a rir, embora com asco ainda. “E nem te internar no St. Mungus eu ia poder, já que ela trabalha lá... Prefiro o Potter. Tudo bem que bruxo puro ou não, a mãe dele era sangue ruim, mas já melhor do que a Granger, além disso, ele tem sido sua obsessão desde os onze anos, acabar com isso só vai lhe fazer bem.”
O sonserino pareceu pensar um pouco então soltou o ar pesadamente e esfregou a testa.
“Bem, você podia ter me dito isso antes, teria me poupado muita auto-discussão.”
“Yeah, você é um babaca quando se trata dele. Sim, você é. Por que esse drama todo? Já podia ter acabado com isso faz tempo e hoje sequer pensaria nisso. Mas Draco, o que eu não consigo entender é: depois de tantos anos, por que agora?”
“Por que não agora?”
Porém a resposta defensiva não a convenceu. A princesa slytherin fitou o outro por muito tempo antes que algo a fizesse ganhar uma expressão compreensiva nos olhos e assentir devagar enquanto sorria.
“Oh, é claro, como eu não vi antes? O casamento. Agora que ele está definitivamente amarrado, não há mais tempo para fazer grandes planos, do jeito que você gosta, tem que ser algo rápido, rápido, de surpresa e definitivo.”
Comentou em tom de deboche. Draco franziu os lábios.
“Às vezes acho que eu te ensinei legiminência² ao invés de oclumência... Sim, Pansy, o casamento. Potter é um babaca, e quanto mais tempo ele passar casado, mais difícil vai ser deixá-lo um minuto longe daquela weasel. E eu...” suspirou pesadamente, cansado. “A verdade é que eu não agüento mais, Pansy. Ficar brigando com isso já me esgotou. Eu nunca tive desejo por homens, nem nunca quis ter, e entender tudo isso não foi assim fácil. Agora sei que não me importo mais. Seja o que for, eu só quero que acabe. Não dá mais pra mim. Meu pai tinha toda a razão, eu não posso me consumir por um desejo, tenho que acabar com isso, antes que isso acabe comigo, de vez. Eu tenho anos e anos de um futuro planejado pela frente, não posso simplesmente deixar tudo morrer por causa de um babaca como Potter.”
“Ora, vejam só, Lucius Malfoy dando bons conselhos....” destilou a slytherin, contudo em seus olhos havia compreensão pelo que o outro passava. Ela se recostou junto ao seu ombro e cerrou os olhos, descansando. “Logo tudo isso vai terminar, e você não vai mais ter que ficar imaginando tudo, vai descobrir que na verdade não tem nada a ver com o que você pensava e vai ser muitas vezes pior e daí você vai perder essa vontade insana e vai voltar a poder pensar no seu trabalho e no seu futuro, na sua família.”
Draco fez uma careta.
“Agora isso sim é consolador.”
Pansy meramente riu e eles ficaram algum tempo em silêncio antes que ela comentasse.
“Então, pra que você precisa da minha ajuda amanhã?”
“Como você sabia que eu ia...? Ah, Argh. Deixa pra lá. Eu preciso da sua ajuda pra criar uma distração...”
“Uma distração? Que tipo de distração? Quero dizer, não seria difícil entreter aquela piranha ruiva enquanto você faz o serviço. Não precisa da minha ajuda pra ficar sozinho com ele, precisa? O Potter é um palerma, não deve ser tão difícil afastá-lo da corja de amigos por um tempo.”
“Não, você não entende. Não adianta fazer isso...” em poucas palavras ele expos o que vinha pensando já desde o dia anterior, desde que Potter lhe falara da festa, na verdade. “Entende? Ele não vai cair na minha se achar que a esposa está esperando por ele no andar de baixo... Mas se eu conseguir um motivo para que ele fique em Hogwarts, mesmo depois do fim da reunião, então talvez eu tenha uma chance. Se eles forem todos embora e eu puder realmente ficar a sós com ele... Só que ele não ficaria a sós comigo de novo, não depois de ontem. Ele prefere até o cachorro a minha companhia completamente sozinho. Tem que ser algo diferente. Algo que o faça mandar todos pra casa e ficar pra verificar, algo que tire sua mente daquela ruiva...”
“Bem. Armar uma cilada pro Potter, mandar a weasel pra casa e saber que enquanto ela faz o jantar você vai estar pegando o maridinho dela? É claro que pode contar comigo.”
Ela riu, e juntos passaram a discutir qual era a melhor forma de pôr as idéias de Draco em ação, conversando sobre os prós e contras de cada uma e os riscos mais ou menos elevados. Pansy só ria toda vez que chegavam ao final de cada plano e ela dizia: ‘e então você traça o menino de ouro’, e Draco fazia aquela cara irritada, e desviava o olhar, mas ela via no fundo dos olhos de prata uma ansiedade e um calor de tesão queimando antes que ele os desviasse, fazendo-a gargalhar longamente. Sim. Amanhã seria um dia extremamente divertido.

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Draco só voltou da casa de Pansy tarde da noite. Estava exausto, mas satisfeito. O cansaço impediria que ele perdesse tempo acordado pensando no dia seguinte. Eles finalmente tinham chegado a uma solução que parecera boa a ambos e ele sabia que podia contar com Pansy para executar o seu papel com perfeição. O que o perturbava era pensar no depois. Quando tudo estivesse pronto... Como ele...? Franziu os lábios e atirou as roupas num canto enquanto enfiava uma camiseta e ia para a cama. Não. Recusava-se a pensar nisso. Não era um adolescente na sua primeira vez.  Não tinha por que ter medo. Ele faria o que sabia fazer muito bem e então, ao final da noite de amanhã, estaria livre. Completamente livre. Sorrindo, adormeceu.


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Notas:
1 – Magia para ocultar os pensamentos da mente e impedir que sejam lidos por outrem. Proteção da mente.

2 - Oposto à oclumência. Arte de invadir a mente alheia e ler os pensamentos de outrem. Arte em que Voldemort era extremamente bem versado e como ele controlava seus servos.



5 comentários:

  1. PELO AMOR DE DEUS, TRAÇA ESSE GAROTO LOGO! MAS QUE PORRA! COMO ASSIM "pansy, você acha que eu sou gay?" bom eu não sei a pansy, acho que qualquer gay fica hetero com uma gost...coff coff... com uma mulher como a pansy na cama, mas NÃO não achamos que você é gay, Draco, temos CER-TE-ZA

    E o cúmulo dessa viadagem é a frescura de ficar perguntando, come logo o cu sujo do garoto, que coisa!
    E concordo com Pansy, Hermione e seus "atrativos"... rs, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Marida seu post está sempre ótimo, não posso comentar tudo, mas sei que adorei a Pansy, ela é das minhas.

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  2. Adorei a Pansy! Finalmente uma autora que não faz dela uma chata.
    Gostei da relação Draco/Pansy
    MUAHAHAHAHHA se prepare menino de ouro!
    Ansiosa para o próximo capítulo!

    Anna

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  3. O Draco é pior que um lufa.. deuses... gosto mais da Pansy que dele, é sério, kkkkkkkk. Agora eu to doida pra ver se o plano vai funcionar, o que realmente me deixaria feliz é que o Harry pegasse a ruiva com a boca na botija.. hahahahaha, afinal o Draco prometeu-se tanto abrir os olhos do menino de ouro nos capítulos anteriores... Adorei o capítulo. Beijos

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  4. olá tudo bem? primeiramente meus parabeeens, essa fic é otimaaaa!!! tem um Q de wtf que eu adoroooooooo hauhauahuahha.
    noosssaaa, ja vi que vc é uma das minhas!! draquinho ativãoooooo, nunca na minha vida pude e posso ver o draco como passivo, tanto na relação quanto no temperamento e no modo de agir... e o harry é totalmente passivooo!!! hauahuahahau
    odeio com todas as minhas forças a ginny, ela é muito pistoleiraaaaaaa, falo mermo!!!!!!
    e devo dizer que adorei a forma como escreve os personagem, apesar de não ter lido todos os livros e ser um pouco occ sua fic parece que encaixa perfeitamente com os personagens do livro mesmo.
    alias, suas fic vai ter um final feliz né? tipo, os dois juntinhos no final e tudo mais né?
    espero que vc atualize logo, estou muito curioso hauahuah
    beeijos enormeeees!!!

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  5. Leitora nova. up!

    Okay okay, você naum tem ideia de como estou nesse momento. Roendo as unhas (que pintei hoje D:). Oh Merlin, se potter naum pega o Draco, eu pego - ounaum.
    estou amando a sua fic *-*
    continua logo okay? ;)

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