domingo, 12 de fevereiro de 2012

Desprezo - Capítulo 13 - Eu Ouvi Que Seus Sonhos se Tornaram Realidade






AVISO AOS NAVEGANTES:
Aqui está sendo postada uma fanfic de Harry Potter, com ship Draco/Harry.
Não gosta? Não leia.
Gosta? Seja bem vindo e, por favor, comente!
Sim, essa é a mesma fic que estava sendo postada no fanfiction.net.
Saí de lá, pois o site não me deixava adicionar novos capítulos nem escrever uma nova história, mesmo depois de fazer outro profile e enviar inúmeros emails pedindo ajuda ao suporte. Espero ver todos os meus leitores do outro site, aqui!
Sejam todos muito bem vindos!
A quem ainda não leu, os capítulos se encontram organizados no Arquivo, por número e nome. Estejam à vontade para dar opiniões.
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Voltei galerinha, demorei mas voltei. Bicho da preguiça me pegou xD aí estão, capítulo 13! Vinte e três páginas de emoção -q por isso demorou, é grande. Planejar uma festa não é fácil, vida de socialite, não é fácil -q xD beijos e boa leitura!




- Capítulo 13 -

Eu Ouvi Que Seus Sonhos se Tornaram Realidade




“Eu ouvi que você se acalmou,
Que você encontrou uma garota,
E você está casado agora;
Eu ouvi que seus sonhos
se tornaram realidade,
Suponho que ela lhe deu coisas,
Que eu não dei pra você.”


- Someone Like You –



Um riso, um som, uma voz, um olhar, e estava ali. Diante do loiro tudo que ele evitara durante duas semanas. Draco ficou parado. A mão na maçaneta da porta entreaberta do jaguar, o terno esquecido pendurado no braço, o olhar distante. Bem ali, à uma quadra, a silhueta de cabelos revoltos se recortava contra o fundo verde do parque úmido londrino. Não parecia fitar nada em especial. Parecia antes... Perdido. Durante muito tempo, o louro se perguntara como ele lidava com aquilo tudo. Se era difícil para ele, ele imaginava que para o outro devia ser ainda pior.
Perguntava-se se ele também teria pesadelos, se ele também acordaria no meio da noite com o coração na boca com gosto de sangue e ainda a sensação dos olhos daquele lorde sobre si. O olhar dele parecia refletir o seu naquele instante, vazio, sem objetivo. Será que era por isso que ele se matava tanto no trabalho de auror? Na esperança de que isso trouxesse alguma compensação... Alguma... Vingança? Não. Ele não era do tipo que acreditava em vingança. Draco sabia disso. Sabia disso por todas as conversas que tiveram naquelas poucas semanas em que conviveram como se todos os sete anos anteriores não tivessem significado nada. Não que ele concordasse. Contudo sabia da opinião do moreno.
Enquanto olhava, um riso de criança atraiu sua atenção, pois junto com ele, um outro claro e límpido que ele conhecia muito bem, também surgiu. Pouco a frente de onde o moreno se encontrava, a jovem ruiva pegava um menino que descia por um estranho instrumento de escorregar e ria com ele, indo até seu marido. Como ele esperava, o olhar do moreno mudou imediatamente e ele pareceu sorrir, focando sua atenção no par. Ele parecia apenas... Tão satisfeito naquele instante. Era isso mesmo que ele queria? Uma esposa que lhe mentira, uma família postiça, algo para fingir que ele não estava só, que ele não era amargo e sozinho, repleto de lembranças de morte e do cheiro de sangue e cabelo queimado.
Draco sabia que ele nunca se livrara disso. Toda vez que ele fechava os olhos, ele ouvia os gritos, ele sentia o cheiro, ele sentia o gosto de cruciatus em sua boca. E ele não havia perdido ninguém além de Crabbe e Goyle. Ele sabia que o moreno perdera ainda mais. Talvez aquilo fosse suficiente para o moreno. Suficiente para que ele esquecesse tudo. Apenas um homem tolo poderia fazer algo assim e acreditar que seria feliz. Ele preferia viver a vida só, e viver algo real, do que viver uma mentira de fadas. Nenhuma cicatriz de guerra se esvaia assim como mágica, isso só acontecia em contos de fada. Então. O que ele via quando fechava os olhos?
Apenas uma coisa. Apenas uma coisa tinha conseguido varrer de sua cabeça aquilo por alguns instantes, como se ele estivesse constantemente cercado de dementadores e por alguns minutos, um patrono os expulsasse para sua sanidade. E então as cenas que lhe vinham eram cenas mais... Recentes. Cenas de um instante em que ele não se importara com absolutamente nada, nem mesmo o nome Malfoy. Talvez o auror sentisse o mesmo, ao redor de sua esposa, de sua família adotiva. Talvez por isso ele parecesse tão satisfeito naquele instante.
Desviou os olhos.
O louro balançou a cabeça e abriu a porta do carro finalmente, jogando o terno no banco de trás e se sentando, ligou o carro e apertou as mãos no volante, para olhar mais uma vez – apenas mais uma vez – antes de sair. Seja lá por qual instinto, o moreno de repente começou a olhar em volta e por mais que ele soubesse que deveria partir, ele não conseguiu se mexer. Eventualmente os olhos verdes o encontraram e eles se encararam. Os nós de seus dedos ficaram ainda mais alvos apertados no volante. Então ele soltou o freio e saiu com o carro. Tudo que ele não precisava era que a ruiva também o pegasse ali, os olhando.


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“O que aconteceu com toda a história de ‘você pode ir de jeans e camiseta’??”
Harry indagou enquanto quase gemia de insatisfação ao ver o smoking completo que sua esposa trazia pendurado no braço, junto com muitas outras sacolas na outra mão, enquanto ela tirava os sapatos e trancava a porta de casa. A ruiva franziu as sobrancelhas vermelhas.
“Eu nunca diria uma calamidade dessas.”
“Mione disse.”
Rebateu com uma expressão sofredora e esperançosa. Ginny revirou os olhos pra ele e foi até o marido, segurando o rosto dele.
“É, mas a esposa sou eu e eu ganho de melhor amiga.” Replicou, beijando-lhe os lábios. “Agora vista isso, por favor, que eu preciso me arrumar também, as preparações para a festa tomaram mais tempo do que eu imaginei.”
“Eu devia saber que ela estava armando pra mim.”
Ginny apertou os lábios e assentiu, numa expressão de apoio solidário.
“Yeah. As palavras festa de gala, deviam ter te dado a dica.”
“Festa de... Ninguém nunca me disse que era uma festa de gala.”
Ele reclamou, cruzando os braços, emburrado. A ruiva acabou rindo por fim e desistiu.
“Harry, deixe de ser tão criança. Apenas vista-se okay? E vá se arrumar no quarto de hóspedes, por que eu preciso de paz.”
“Eu também amo você!”
Ele exclamou enquanto ela subia as escadas, rindo. Ele sorriu e balançou a cabeça, então pegou o smoking e subiu para se trocar.
Enquanto abotoava o punho do smoking ele se pegou pensando que talvez não fosse ser tão terrível assim. Eles tinham preparado tudo afinal para ficarem exclusivamente na parte trouxa da festa, onde Harry não teria nenhuma espécie de chateação, onde ninguém os conheceria e eles poderiam apenas se divertirem em paz sem afastar Ginny e Hermione dos seus deveres na noite. Há quanto tempo não saíam os quatro juntos assim, apenas para se divertir? Seria bom aquele tempo. Mesmo sabendo que ele estaria a menos de cinqüenta metros daquele sonserino insuportável. Apertou os lábios e balançou a cabeça. Lembrou-se de mais cedo. O que o loiro queria parando a espioná-los daquele jeito? Aquilo era tão estranho... O que ele queria que ainda não tinha conseguido? Harry já estava completamente humilhado, o que mais ele podia querer?
Um flash de exatamente o que ele poderia querer atravessou sua memória e ele se deixou cair na cama, enfiando as mãos pelos cabelos e fechando os olhos. Droga. Isso não era verdade. Malfoy só tinha feito aquilo para humilhá-lo e conseguira, mas quem mais se humilhava era ele mesmo ao ter aquele tipo de pensamento ridículo. Quando Malfoy olhou para ele... Naquela noite... Por um instante, por um segundo, ele pensou que... Engoliu em seco e suspirou. Olhou-se no espelho outra vez. Era como se não se reconhecesse mais. E isso não tinha nada a ver com as lentes que Mione lhe instruíra a usar, para ficar menos reconhecível ao menos por aquela noite. Ele não gostava de usar sempre, lhe davam dor de cabeça, mas ela prometeu que seriam só algumas horas. Quem era aquele homem no espelho? Ele tinha tantas preocupações e alegrias na vida. Ele definitivamente não tinha tempo para ficar pensando em coisas assim. Nem devia! Gastar seu tempo tentando desvendar alguém que estava agora rindo dele. Suspirou. Ele não sabia se ia ser capaz de não socar Malfoy outra vez se o encontrasse naquela noite.
Talvez ele devesse socá-lo.
Levantou e passou o perfume, tentando dar um jeito na bagunça que ele mesmo tinha feito em seus cabelos. Foi quando ouviu um assobio baixinho e virou-se, curioso. Sorriu ao ver Hermione à porta.
“Uau.”
Ela exclamou, se aproximando dele e começando a arrumar os seus cabelos de maneira muito mais efetiva.
“Quem diria que você realmente pode usar um smoking sem morrer sufocado?”
O auror corado resistia à tentação de não coçar a nuca para não espalhar ainda mais as mechas negras e quando a amiga se afastou ele estalou a língua e revirou os olhos.
“Deixe de ser boba.”
Só então conseguiu vê-la. Ela tinha prendido os cabelos num coque elaborado, deixando a franja lisa, e usava um vestido creme, de corpete de cetim e mangas e gola de renda, em flores delicadas que desciam pelo busto e depois pela lateral da cintura até os quadris. Ele pegou a mão dela e a girou, sorrindo.
“Você está linda.”
Falou com ternura. Ela sorriu pra ele, sem jeito.
“Obrigada.”
“É quase uma noiva, sabe... Se eu fosse o Rony tomava cuidado, isso está me parecendo uma emboscada. Não é um casamento surpresa, é...? Au!”
Ele exclamou, rindo ao mesmo tempo, enquanto esfregava o ombro. Hermione revirou os olhos.
“Tinha que estragar. Onde está Ginny?”
“Se arrumando.”
“Eu vou até lá então... Rony está na sala, a propósito. Tente convencê-lo a não arrancar a gravata está bem? Eu já o vi mexendo nela pelo menos cinco vezes desde que saímos de casa.”
Harry riu e assentiu, vendo a amiga sair e saindo logo depois, para encontrar seu melhor amigo lá embaixo.
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“Senhor Malfoy?”
O loiro se virou, ao ouvir o chamado, com expressão neutra, mostrando que a jovem recepcionista podia continuar.
“Desculpe, senhor. Eu preciso da sua autorização para alguns últimos convidados que foram adicionados à lista esta manhã. Eu não consegui entrar em contato com o senhor o dia todo. Desculpe.”
“Está tudo bem, Krisha. Pare de se desculpar. Deixe-me ver.”
Ele pegou a pasta que ela lhe estendeu e abriu, correndo os olhos e o dedo até os últimos nomes e franzindo imperceptivelmente as sobrancelhas. Potter. Potter. Weasley. Granger. Ele ignorou a sensação de gelo em seu estomago.
“Compreendo. Mas deve haver algum erro, eles estão designados na área trouxa da festa.”
A jovem bruxa de cabelos dourados, balançou a cabeça.
“Não há erro, senhor. Foi a própria senhora Potter quem adicionou os nomes, depois de pagar os convites quando estava finalizando as preparações para a festa.”
Senhora Potter. Teve de se controlar para não torcer os lábios. O que aquilo significava afinal? De todas as pessoas, não esperava Potter naquela festa. Exalou então assentiu. Ao menos eles ficariam na área trouxa – o que quer que aquele ato significasse – e ele não teria que ficar assistindo Potter se exibindo com a sua esposa.
“Pois bem. Inclua-os.”
Ela assentiu e se virou.
“Krisha...”
Chamou. Ela parou para olhá-lo, intrigada. Ele não sorriu.
“A que horas você almoça amanhã?”
A moça pareceu abobalhada por um instante, então apertou os lábios e sorriu.
“Meio-dia senhor Malfoy.”
Ele assentiu.
“Taylor vai pegá-la então. Você está muito bonita hoje, a propósito. Bom vestido.”
E virou as costas, saindo e deixando a moça seguir para o seu trabalho com um sorriso no rosto.










...







“Draco, querido, encarar as pessoas é feio, sabe.”
Draco virou os olhos para encontrar os de Pansy com uma expressão confusa. A amiga arqueou a sobrancelha.
“Você estava realmente viajando então. Não sei o que é pior.”
O loiro grunhiu e pegou a taça de vinho que ela lhe oferecia.
“Eu me distraí. Me dê um tempo.”
“Cansado?”
Ele assentiu, apertando os lábios e tomando um gole do vinho branco. Lidar com autoridades e patrocinadores, tanto bruxos como trouxas, ser o anfitrião, gastar seu tempo, conversa e dedicação com aquelas pessoas sem um pingo de inteligência a noite toda podia ser extremamente cansativo. A festa só havia começado há duas horas, mas parecia muito mais do que isso. Desviou os olhos para a morena ao seu lado e escorregou os olhos pelo vestido preto que ela usava. Ele descia colado em seu corpo, de um decote quadrado, até os joelhos, de cetim, as mangas eram curtas e levemente bufantes, e ele era aberto nas costas, fechado na gola por um broche de madrepérola e seguindo em uma abertura oval que era interceptada por uma faixa branca estreita, que mantinha o vestido no lugar. Os cabelos estavam soltos de lado em ondas e ela usava uma presilha de brilhantes, mantendo-o de lado. Ele sorriu.
“Eu já disse como você está uma delícia nessa roupa?”
Foi a vez dela revirar os olhos e sorrir.
“Eu já disse que você é um canalha? Eu te vi cantando a mocinha da recepção mais cedo.”
Draco fez uma careta.
“Dificilmente uma cantada, quando se trata de subalternos. Apenas uma troca de favores. Eu quero informação, e ela um presente qualquer e um almoço com o chefe.”
“Então você não vai levá-la pra cama?”
O sonserino arqueou a sobrancelha, imitando a expressão da amiga de um jeito que a fez estalar a língua.
“Eu tenho cara de quem não sabe gerir uma empresa? Vem, vamos dar uma volta.”
Deu o braço a ela e começou a guiá-la através do salão. Havia é claro, quase todas as pessoas do círculo que eles freqüentavam. Alguns acenavam, outros apenas inclinavam a cabeça levemente, a alguns, eram os dois quem inclinavam a cabeça, de acordo com protocolos de idade e sobrenomes. Contudo aquilo era fácil. Draco não tinha que pensar para fazer nada disso, era instintivo e seu corpo sabia as reações corretas de cor. Era, portanto, relaxante. Havia também rostos novos. Das empresas que se uniam naquela festa, muitos dos líderes trouxas eram pais de bruxos e por isso conheciam o mundo deles. Apenas dois deles eram completamente desavisados e freqüentariam apenas a área não-mágica da festa. Ali, no salão, uma banda tocava no palco, alguns casais dançavam, a decoração tinha sido planejada toda em prata e negro. Pequenas libélulas desciam sobre os convidados que dançavam em vôos suaves, agitando as asas e derramando pó prateado sobre eles. Dependendo da quantidade, faziam com que os pés dos dançarinos deixassem o ar em até dez centímetros por um minuto e depois eram suavemente deixados de volta no chão. A maioria das pessoas ali se abstinham em beber o que lhes era oferecido pelos elfos domésticos que circulavam por ali, uniformizados, e rir, conversando em pequenos grupos, ou sentados nas mesas de madeira escura, comendo. O sistema de alimentação era bastante parecido com o da antiga escola do louro, só que aqui, o participante fazia o seu pedido em voz alta e a comida certa era enviada pelos elfos e surgia em seu prato. Também havia bruxos que circulavam em longos mantos negros, usando as varinhas para encenar truques, pequenas explosões e criar todo tipo de forma com o fogo e com a água, além de outros entretenimentos.
Draco estava observando um grande dragão de fogo que um desses bruxos criara especialmente para ele, quando ouviu o chamado baixo ao seu lado. Desviou os olhos e encontrou Krisha ao seu lado outra vez.
- Com licença, senhor. Mas o senhor me pediu que avisasse quando o último líder trouxa chegasse e ele está aqui, na área principal, eu pedi que aguardasse, que o senhor iria vê-lo num instante.
O louro assentiu.
- Está bem, Krisha, diga a ele que já vou. – virou-se novamente, para o bruxo que agora fazia o dragão imenso voar sobre eles jorrando fogo pelas ventas e fritando algumas das libélulas e ergueu o canto do lábio. Enfiou a mão nos bolos das vestes e puxou um galeão, então o impulsionou com o dedão, fazendo-o girar no ar, e o homem o apanhou, pousando então a mão fechada sobre o peito e inclinando-se em agradecimento. Draco inclinou a cabeça levemente em reconhecimento e resposta e pressionou os dedos nos braços de Pansy devagar, para mostrar que estavam indo. Ela olhou para o bruxo de longos cabelos negros e lisos ainda por um instante e sorriu  de forma nada inocenteo antes de sair com Malfoy.
- Sabe, Draco... Você pode dizer o que quiser da cachorrinha ruiva, mas ela sabe escolher uma companhia de bruxos.
O loiro revirou os olhos, mas acabou sorrindo torto enquanto caminhavam para a passagem.
- Se você o quer, sei que não terá dificuldades em consegui-lo. Só me avise para que eu fique longe da sala privada que você escolher.
Ela riu gostoso e juntos eles pressionaram as pontas de suas varinhas na parede, passando pela porta que surgiu e se abriu, fechando logo depois e sumindo.





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Quem diria que afinal não iria ser assim tão ruim?
Eles tinham chegado há quase uma hora e nenhum incidente tinha acontecido. Ninguém o parara no meio do salão fosse para humilhá-lo com palavras, fosse para agradecê-lo e contar-lhe alguma história terrível da perda de algum ente querido, que eram sempre ambos incidentes desagradáveis. Ele tampouco fora obrigado a aturar piadas ou conversas de ninguém que não gostava apenas por educação. Ninguém viera lhe dizer exatamente como o achava um auror incompetente, nem houve resmungos ao seu redor sobre favoritismo no Ministério. Uma mulher mais ou menos da idade deles certo momento ficou olhando para Hermione com as sobrancelhas franzidas persistentemente por vários minutos, mas depois de um tempo rodando pelo salão, ela acabou desistindo. 


Era isso que Harry mais gostava, no mundo não-mágico. Às vezes ele saía andando pelos becos mais trouxas, só para andar um pouco em paz, sozinho e conseguir dar vinte passos sem ser parado por alguém. Não, não era petulância, era só extremamente desgastante ter que ouvir todos aqueles murmúrios. Pois mesmo os cumprimentos eram seguidos de alguma tristeza, e já havia peso demais em seu peito, pressionando seus pulmões, tanto que às vezes ele sequer conseguia respirar, e mesmo sendo egoísta, ele não podia suportar o peso de mais histórias a assombrá-lo.
Tudo que fizeram fora comer, beber, conversar, rir. Comentavam alguma coisa da festa, ou sobre os trouxas. Ginny e Ron se espantavam com algumas coisas, e Harry e Hermione gargalhavam enquanto tentavam explicá-las para os olhos de mel de idêntica surpresa. A música era boa, mesmo não sendo o que eles estavam mais acostumados, e o ambiente era tranqüilo. Não havia tampouco olhares de desprezo para eles, ou de intriga. Ali eram apenas convidados. Nada mais. Nada menos. E como o moreno se comprazia com isso! Às vezes ele se perguntava como Malfoy agüentava ser observado o tempo todo, ter de agir de acordo com certa regra não importa o momento, não importa o lugar, pois alguém poderia estar olhando. Ter pessoas esperando dele, tanto no mundo bruxo, como no mundo trouxa, uma conduta impecável. 


Ele conhecia um pouco dessa pressão. Mas ninguém realmente esperava que ele fosse um lorde do bom comportamento e soubesse todas as regras de etiqueta. Só queriam vê-lo trabalhando bem e sendo um bom marido e amigo. Ninguém realmente ligava para as roupas que ele vestia, apesar dos semanais ataques mordazes de Angie Belby, a nova substituta de Rita Skeeter, ao seu guarda roupa. Tampouco as pessoas falariam durante semanas se por acaso ele se esquecesse do modo correto de apertar a mão do diplomata do Egito ou o que quer que fosse. Se ele tinha que fugir às vezes, não sabia como o outro agüentava, já que o loiro não tinha pra onde fugir. Provavelmente não tinha paz nem dentro da própria casa, já que era vigiado até pela tonelada de criados que devia ter. Por um instante pensou que devia ser uma vida triste e cansativa.
Todavia por que diabos estava pensando em Malfoy agora? Fitou os amigos rindo, e percebeu de repente que sequer estivera ouvindo, e nem entendia o porquê dos risos. Apesar disso sorriu de canto mesmo assim, num falso riso. Que droga. Tudo que ele não queria era ter aquele tipo de pensamentos agora. Principalmente por que o mais importante de tudo, o número um dos prazeres daquela noite, a coisa mais satisfatória era: ele não tivera que ver o loiro a noite toda. Isso era o mais importante. Não tinha tido que olhar pra cara daquele canalha e devia se focar nisso.
“Harry!”
Piscou forte, olhando surpreso para Ginny ao ouvir a exclamação, ouvindo também o riso de seu casal de amigos, Hermione balançando a cabeça pra ele.
“Am?”
“Eu acabei de dizer que você não estava me ouvindo.”
A ruiva fez um ligeiro bico, e ele sorriu, beijando sua testa.
“Desculpe. O que você disse?”
Ela suspirou.
“Eu perguntei se você me arranja um... Como é que se chama mesmo isso?” Hermione lhe disse e ela continuou “Ah sim, um martini novo. Já faz séculos que aquele garçom não passa perto da gente.”
Harry sorriu e assentiu, pegando o copo vazio da mão dela.
“Claro. Vocês querem mais alguma coisa?”
“Ah, Harry, eu adoraria uma outra taça de vinho.”
“Claro eu...”
“Não, pode deixar companheiro, eu vou com você e trago pra ela.” Ele sorriu pra noiva e beijou as mãos dela. “Já volto.”
Revirou os olhos para os risinhos e provocações da irmã e seguiu com o amigo para o bar.
“Te digo que às vezes parece que a Ginny nunca cresceu.”
Harry sorriu com o comentário do cunhado e melhor amigo e balançou a cabeça.
“Ela tem um espírito inabalável. E por mim tudo bem. Eu já sou deprimente o suficiente por nós dois.”
Rony riu e deu um tapa leve no ombro dele.
“Tô sabendo chefe, to sabendo.”
O moreno torceu o nariz.
“Não me chame de chefe. É muito esquisito vindo de você.”
“Ok, ok. Harry, escute...”
Eles pararam junto ao bar e o moreno hesitou, virando-se para o ruivo e franzindo as sobrancelhas.
“Sim.”
Ron coçou os cabelos na nuca, ficando um tanto vermelho como se a cor das mexas lhe escorresse para o rosto.
“Olha... Aquelas coisas que... Você me disse no bar ontem... Sobre... Sobre... Se era possível ter...” ele apertou os lábios juntos e limpou a garganta. “bem, você sabe, se eu achava que dá pra se sentir legal com outro cara mesmo não gostando da coisa e... Você não estava falando sério, estava? Eu ainda estou tentando entender por que diabo você me perguntou aquilo. O que tá rolando, amigo?”
Foi a vez dele corar. Harry entreabriu os lábios como se fosse dizer algo e acabou virando para o atendente que agora vinha cumprir sua função.
“Um martini e uma taça do merlot, por favor.” O homem assentiu e começou a preparar as taças e ele tossiu, passando os dedos pelos cabelos e depois firmando as mãos na bancada do bar. Balançou a cabeça e por fim virou para o amigo, apertando os lábios juntos. Tentou fazer um ar indiferente e deu de ombros. “Se você quer saber, nem eu sei, Ron. Acho que eu simplesmente estava bêbado demais, e sequer sabia o que estava dizendo.”
Rony fitou o amigo, como se especulando até que ponto podia acreditar naquilo. Por fim soltou o ar e assentiu, pegando a taça de vinho que o atendente trouxera e pedindo duas doses de uísque.
“Sabe...” ele disse, depois que ambos engoliram sua dose e estremeceram com o ardor que desceu pela garganta abaixo. “Você devia beber mais vezes....”
Harry franziu a testa.
“Você é muito mais engraçado quando bebe.”
E começou a gargalhar. Harry revirou os olhos e Ron só ria mais, se sacudindo entre murmúrios de “é sério, cara” e “devia ter ouvido você falando” mais risos "você parecia um adolescente de novo, confessando pra mim sua queda pela Cho" ou “eu não sabia se me matava de rir ou se te dava uns tapas pra colocar seu cérebro no lugar”. Harry acabou sorrindo de lado conformado e pegou o martini como deixa para irem em direção as mulheres de novo. Foi quando olhou para o lado, quase inconscientemente, seus olhos atraídos por algo e levou um segundo para entender o que estava vendo.
Malfoy.
Trincou o maxilar, e quando o loiro olhou para ele, era a imagem perfeita de sua adolescência cheia de ódio pelo outro.
“Vamos, Ron.”
Murmurou entre os dentes, sumindo com o amigo em direção as garotas.


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Pansy havia seguido o humor sombrio de Draco durante todo o dia. Aliás, desde aquela fatídica noite, as coisas vinham piorando significativamente. A princípio, pareceu que ele estava relaxado, aliviado, como se um grande peso lhe tivesse saído dos ombros, e ela o viu trabalhar mais do que nunca para cumprir todos os contratos que haviam ficado em suspenso, estender os braços da empresa, atender a festas e eventos sociais impecavelmente. Aquele era o Draco que ela conhecia, por quem se apaixonara tantos anos antes. Inteligente, audaz, com sede de se provar independente, arguto, ágil, e para a sociedade um perfeito cavalheiro. Não aquele Draco irascível, irritável sobre a superfície, demonstrando cada emoção de desagrado, deixando-se atingir por tudo e por todos. Mas foram só alguns dias.
Através dos últimos, todo o progresso parecia ter sido perdido e entrado em regressão. Ele estava ainda mais arredio, calado, distante. Falava só o que  era necessário, ou o que era extremamente superficial. Não tinham  ficado a sós desde então, apesar disso, ele passava cada vez mais noites acompanhado, pagando caro por uma companhia que ele podia arranjar de graça apenas estalando os dedos. Ela não sabia o que fazer para melhorar o ânimo dele, quanto mais ela tentava falar, mais sombrio e irritado ele ficava, olhando-a com olhos de prata entediados e pedindo que o deixasse em paz. Há alguns instantes, observando as acrobacias de fogo, fora a primeira vez em que ela o vira realmente prestar atenção em algo há dias. Soltou o ar enquanto bebia mais um gole do seu vinho.
Ele estava agora respondendo às perguntas sem fim daquele trouxa idiota e isso lhe era extremamente irritante. Por mais que os negócios a fascinassem, os detalhes a entediavam. Era por isso que ela tinha empregados confiáveis para tratar da burocracia e da puxação de saco. Draco segurava-lhe o braço enquanto conversava com o homem, sendo sério e eficiente, ao invés de malicioso e cortante como ela teria gostado. Ele nem ao menos fazia uma piada para entretê-la. Nenhuma frase bem construída que deixasse clara a ignorância do homem a frente deles para que ela se divertisse. E o calor dele ao lado dela... O cheiro. Ah, ela tinha na mente um milhão de opções do que seria melhor estarem fazendo agora. Mas ela não ia tentar nada para ser rejeitada de novo. Não nascera para viver de migalhas mal concedidas.
Perguntou-se com uma sombra de sorriso se o bruxo do fogo sabia fazer acrobacias com outras coisas também. Quando viu, o loiro estava finalmente se despedindo do homem e ela também o fez, sorrindo pra ele como convinha, mas não apertou a mão dele, que ficou estendida no ar. Ela não ia se sujar assim tão fácil. Quando finalmente viraram as costas ela deixou escapar um suspirou audível e revirou os olhos.
“Eu achei que ele não ia parar de falar nunca. Será que você podia estar menos inspirado essa noite?” indagou, virando-se para fitá-lo com os lábios torcidos, só para perceber que ele sequer a ouvia. Apertou os dentes, se perguntando se sairiam no jornal da manhã se ela lhe desse um tapa no rosto. Foi quando seguiu o olhar dele e viu o que ele estava olhando. Ou melhor. Quem. Pelas verrugas de Merlim!
Ela respirou fundo, segurou o terno de Draco dos dois lados dos braços e o virou pra ela.
“Draco. Me faça um favor. Me ouça. Fique irrecuperavelmente bêbado, e transe com alguém essa noite que não seja uma prostituta. Eu não ligo se for um dos músicos, pode ser qualquer bruxo nesse hemisfério. Aliás, transe com mais de um. Qualquer um. Desde que seu sobrenome não comece com P.” ele abriu a boca pra falar, indignado, porém ela revirou os olhos e continuou antes que ele pudesse falar qualquer coisa. “Recupere seu orgulho de forma desonrosa por mim e por você. Eu já volto.”
E com meia volta ela o deixou ali, com uma feição cerrada, desaparecendo em direção ao bar antes que ele pudesse replicar.





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Todos os seus deveres haviam terminado. Mas isso não significava que ele podia simplesmente ir embora, embora quisesse. Bem ele devia ao menos passar de volta para a área bruxa. Estava começando a reconsiderar se era ou não masoquista. Engoliu a dose de uísque e a pousou na mesa outra vez, profundamente irritado consigo mesmo. O que mais ele queria? Pensou que depois daquela noite, as coisas melhorariam, que ele não se sentiria mais daquela forma. Contudo ao vê-lo rindo e conversando com aquela corja tudo que queria era puxá-lo pelos cabelos e arrastá-lo para o outro lado do cômodo ou atirá-lo porta afora.
E aquela cara... O que fora aquela cara que fizera pra ele quando se viram na festa? Tinha sido como ver uma imagem de anos atrás. A mesma raiva, aquele ódio exacerbado, brilhava nos olhos verdes. E o poder desse ódio, quando os óculos não lhe cobriam os olhos, era quase assustador, surpreendente no mínimo. Não imaginava por que ele estava sem os óculos, mas sabia que lhe causara imenso impacto fitá-lo diretamente dessa forma, como sempre acontecia, quando não havia nada para nublar aquele contato. Eu tenho repassado na minha cabeça, essas promessas que eu te fiz, e que eu não pude cumprir... Bem, ao menos isso, pensou, ao menos agora já não era mais aquele sentimento aguado e sem graça, aquela compaixão nojenta que ele odiou ver nos olhos do moreno. Preferia o ódio, o desprezo, demonstravam que mesmo de uma maneira torta, o fato de ele estar ali, o fato de ele o ter visto, fazia alguma diferença. Soltou o ar, nem que fosse para matá-lo de irritação, era melhor do que ter sua pena.
E onde diabos estava Pansy que não voltava nunca? Era isso, sua paciência já se fora pelo ralo. Estava cansado de ficar ali, como se fosse um stalker, observando Potter e sua adorável família. Pensou n que Pansy havia lhe dito... Fez um som de desprezo e balançou a cabeça. Ela só podia estar doente para propor aquilo pra ele. E como ela sabia que ele andava contratando prostitutas? Sinceramente, aquela mulher sabia mais da sua vida do que era saudável... Eu me arrasto até você, querida, e eu caio aos seus pés, eu lato para sua beleza como um cachorro no cio... Estacou ao ver que estava praticamente cantarolando. Não, era isso, aquela música trouxa nojenta já estava pegando em sua cabeça. Ele ia embora. E não só daquela parte da festa, como da festa em si. Estava exausto. Que se fodessem os senhores da sociedade. Eles nem notariam sua ausência, e se notassem ele estava longe de se importar, seu humor estava irascível outra vez e ele só queria sair dali.
“Hushhh, você vai perder o show!”
Só faltava essa. Essa mulher tinha um timing inacreditável. Sentiu a mão delicada pousar em seu braço, segurando-o quando ele foi se virar.
“O que é, Pansy? Eu estou encerrando a noite”.
Replicou, obstinado a não mudar seus planos.
“Quieto. Espere um pouco, olhe...”
Ela tinha um riso na voz, claramente esperando pra acontecer, e mesmo contra sua vontade, ele começou a ficar curioso. Franziu a testa ligeiramente, e por fim desistiu e se virou. Ele sabia que ia ficar pensando nisso o resto da noite se não se virasse. Seguiu o olhar dela, e percebeu logo que ela estava olhando exatamente para onde ele estivera até dois minutos atrás. Torceu os lábios. O que ela...? A cena mudara um pouco, o fuinha ruivo e a sabe-tudo riam enquanto senhora Potter dava leve puxõezinhos no marido, com uma feição entre o riso e o pedido, em direção a pista de dança. O loiro franziu as sobrancelhas. Ela não sabia que ele era péssimo nisso? Virou os olhos para Potter e ele estava pálido, com uma cara de “vamos ser razoáveis”, tentando fazer a esposa desistir. Pateta. A música nem era tão rápida. Ele devia ser capaz de correr sem tropeçar nos próprios pés, por que não podia dançar? Estalou a língua.
“O que você quer que eu veja? Que ele é um marido incompetente que não pode nem tirar a mulher pra dançar?” Arqueou a sobrancelha. Ela apenas riu e continuou olhando, forçando-o a fazer o mesmo e ficar completamente surpreso ao ver que o outro cedia, seguindo a ruiva até a pista, onde ela lhe enlaçava o pescoço, sorridente, vitoriosa, e ele meramente se ocupava de lhe segurar a cintura e balançar os pés um pouco, pateticamente. Torceu os lábios. “Pra mim chega, tenha uma boa noite, Pansy.”
“Por que não mostra pra ele...?”
Draco a olhou, franzindo a testa quando tinha parado no meio do ato de cumprimentar.
“Pansy, pela corcunda de Merlim, o que diabos você quer?~
“Vem comigo...”
Ela chamou, sorrindo já, antecipando a diversão, puxando-o também em direção a pista. Ele estacou.
“Pansy...” falou em tom de aviso. Ela sorriu mais.
“Vem meu anfitrião bonitão, você tem que dançar ao menos uma música na festa, não é?”
“Teoricamente música trouxa não é música que se preste para que eu me dê ao trabalho de dançar." ela apenas o fitou, persistente e ele por fim suspirou. "Uma música.” Falou pausadamente. Ela sorriu largo, e ao invés de ser puxado como o outro, ele próprio lhe tomou a mão, levando-a para pista enquanto uma outra música começava e o auror parecia imediatamente arrependido, já que era uma música muito acima do que ele era capaz.



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Ele estivera completamente errado. Era ruim, muito, muito, muito ruim. Como se não bastassem as perguntas de Rony, que ele tinha muito esperado que estivesse bêbado demais para se lembrar do que ele tinha dito na noite anterior, ainda dera de cara com o maldito Malfoy, e agora estava dançando. Isso mesmo. DANÇANDO. Pelo amor de todos os deuses. Ginny ainda não aprendera que ele não podia dançar???! Pelas barbas de Merlim, mulher! Não conhece o seu marido? Ele tentara ser razoável, tentara todo tipo de argumentos, mas nada a demovera. Que parte de eu não consigo dançar, ela não tinha entendido naqueles anos todos? Dançar nunca estivera no contrato. Ela sabia desde o princípio que estava se casando com um homem de dois pés esquerdos. Dançar estava fora de questão. Contudo quem disse que ele jamais conseguira demovê-la de qualquer coisa que ela quisesse? Ginny queria dançar e, portanto, ele se via automaticamente obrigado a cumprir seu desejo. Talvez ele até recusasse em outro momento, mas... Ele já se sentia tão culpado, por estar ocupando tanto seus pensamentos com alguém que não era ela, por ter mentido pra ela, ocultado coisas, por não estar sendo fiel ou sincero que ele provavelmente dançaria tango se ela pedisse.

Não era ruim estar abraçado a ela, porém... Ele só conseguia fazer isso. Era frustrante, e ele se sentia extremamente embaraçado por saber que as pessoas deviam estar dando risadas dele. Ao menos não havia ninguém ali que os conhecia, já era alguma coisa. Então ouviu a música mudar. Eles mal tinham dançado um minuto, mas ele se agarrou a possibilidade de voltar para os amigos, soltando-a gentilmente e lhe sorrindo, tentando que ela entendesse a dica de voltarem, mas ela fez um bico.
“Harry! Nós mal dançamos... Ande... Só mais um pouco...” ela pediu manhosa, deitando a cabeça no ombro dele. “Só um pouquinho...” pediu.
E como resistir quando ela lhe pedia assim? Suspirou.
“Está bem.” murmurou, soltando o ar e a embalando outra vez, gentilmente. “Mas essa música é muito rápida pra mim. Sabe disso.” Ouviu o muxoxo dela.
“Deixe de bobagem, eu só quero ficar um pouco com você aqui...”
Ele acabou por sorrir, e roçar os lábios na testa dela.
“Está bem...” murmurou. Foi quando ergueu os olhos para o resto da pista e viu a última pessoa que teria esperado. O que diabos Draco Malfoy estava fazendo indo dançar numa festa trouxa, uma música trouxa? Sinceramente. Apertou os lábios com força, o seu momento completamente arruinado. Sentiu seu ânimo se esvair, e ele estalou a língua, segurando Ginny junto de si, e balançando mais impaciente agora, desejando mais do que nunca sair dali.
E por que essa irritação repentina? Ele não queria que o loiro o visse tropeçando nos próprios pés? Certamente. Ele não queria ser motivo de riso para o aristocrata nunca mais. Trincou os dentes. Ele já havia se humilhado o bastante. Todavia... Por que ele sentia que não era isso que o estava irritando tanto? Por que ele tinha a sensação latejante de que o que mais o irritava era aquela mão nas costas dela, aqueles olhos de prata voltados para ela naquela concentração intensa? E ela parecia radiante nos braços dele, abria um sorriso largo de cobra satisfeita que o irritou terrivelmente, pois o lembrou do mesmo sorriso estampado na cara do loiro enquanto gritava com ele naquela madrugada... É, era isso. Era a lembrança daquele dia outra vez. Quando é que ele ia esquecer? Sentiu-se estremecer de irritação. Parece que ter seu corpo completamente fora de seu controle era algo que não se esquecia tão facilmente. Sentiu o estomago aquecer e trincou o maxilar.
“Harry, amor, o que há?”
Ouviu o chamado doce, e imediatamente sua postura relaxou em resposta.
“Perdoe-me, não foi nada...” falou gentilmente, deitando a cabeça dela em seu ombro e afagando delicadamente os cabelos ruivos. Mas seus olhos o traíam e voltaram a pousar onde não deviam. Apertou os lábios outra vez. Como ele...? Argh! “Bem, alguns de nós certamente vieram aqui essa noite só para se exibir.” Destilou antes que tivesse percebido que falara em voz alta. Ginny franziu a testa pra ele e seguiu seu olhar, então algo clareou no rosto dela, como se tivesse tido uma revelação.
“Ah... Isso faz mais sentido. Pensei que estava irritado comigo. Não o leve tão a sério. Você sabe que ele faz de tudo só pra te irritar. Continua uma criança como antes.”
Ela fez um gesto de descarte, e puxou o rosto dele pra si.
“Olhe pra mim, e esqueça o resto.” 


Falou, talvez um pouco mais intensivamente do que seria normal. Harry ficou um pouco surpreso, então constrangeu-se e selou-lhe os lábios.
“Está bem.”
Mentira outra vez. Assim que ela deitou a cabeça em seu peito, seu olhar voltou a vagar. Inferno! Enquanto ele se balançava estapafurdiamente, Malfoy deslizava pelo salão como se tivesse rodas ao invés de pés. Como ele podia ser tão insuportável? Era óbvio que mais da metade do salão havia parado só para assisti-los. Parkinson não parecia fazer esforço nenhum ao ser guiada por ele. Ela só sorria e se deixava conduzir, e pouco a pouco, percebeu que ele começava a relaxar a expressão também, e como se em resposta, começava a girá-la, soltando-a dos braços e a puxando de volta, abraçando-a de costas, segurando-lhe a cintura, recostando os lábios na orelha dela com um ligeiro sorriso antes de rodá-la outra vez e puxá-la de frente num supetão, enquanto ela prendia a perna ao redor da cintura dele com malícia e ele lhe segurava a coxa, apertando-a, como... Como o tocara outro dia, pondo-o no colo... Ofegou de raiva, POR QUE ELE ESTAVA PENSANDO NAQUELAS COISAS? A música entrava na sua cabeça, vai haver um ataque cardíaco essa noite, alguém vai machucar alguém, antes da noite terminar, alguém vai terminar se desmanchando, antes da noite ter o seu fim, todo mundo quer tocar alguém, mesmo que leve a noite toda, todos querem arriscar sua chance... Quem ia ter um ataque cardíaco seria ele, de irritação e quem ia sair machucado ia ser Malfoy e não ia demorar muito.
Nem percebeu que havia parado completamente de se mexer até Ginny quase furar sua testa de tão intensamente que o olhava. Ele desceu os olhos pra ela, culpado, e ela suspirou, e já ia puxá-lo para fora da pista, quando sua mão foi pega pela de outra pessoa. Harry ergueu os olhos, extremamente raivoso por ousarem segurá-la daquela forma, quando viu quem era, ficou ainda pior.
“Por que não fazemos uma troca?”
Ouviu a voz maliciosa e indecorosa de Pansy e antes que pudesse pensar, Ginny já tinha sido puxada para longe por Malfoy. Apertou os dentes até doerem enquanto Parkinson o olhava com um sorriso largo, esperando por ele.
“Então?”



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“Malfoy, me solte agora!”
A idéia havia sido de Pansy, é claro, mas ele tinha que admitir, a cara do Potter e da Weasley eram impagáveis. Era tão bom saber que ele não era o único amarrado por convenções sociais... Ah, a delícia. Nenhum deles podia fazer uma cena na frente de toda a sociedade trouxa, e isso extremamente agradável para o loiro. Realmente. Pansy tinha idéias adoráveis.
“Não estou fazendo nada demais senhora Potter, estamos apenas dançando. Eu sei que você depende também da sua lista de clientes trouxas, não só os bruxos. Quer mesmo fazer uma cena?” arqueou a sobrancelha, com aquele sorriso torto que fazia a ruivinha escaldar-se da raiva. Ah, Deus. Ele não se divertia tanto há muito tempo. Estava se segurando para não começar a gargalhar. Principalmente ao ver do outro lado do salão, a cara de Potter enquanto segurava Pansy pela cintura como se ela fosse algo muito perigoso, ou seu vestido cheio de espinhos. Ah, Potter, seu palerma! Uma mulher dessa nos seus braços e você nem ao menos sabe apreciar.
“A música, já acabou senhor Malfoy” ouviu a ruivinha cuspir. “Pode me deixar ir agora?” ela estava completamente estática e a mão não fazia qualquer intenção de continuar segurando a sua. Ele riu, pela primeira vez na noite, verdadeiramente riu e a segurou mais firme, embora sem machucá-la.
“Parece que outra acabou de começar, senhora. Você devia realmente aproveitar a chance de dançar com alguém que realmente sabe.” Ele a viu apertar os lábios vermelhos e sorriu mais largo. “é só uma dança, senhora...” puxou-a pra mais perto, começando a dançar com ela, falando perto de seu ouvido. “não é uma noite no meu dormitório.”
Como ele esperava, o rosto dela ficou vermelho e ela entreabriu os lábios, apertando-os depois, bem juntos, e ele sorriu ainda mais largo, e com um tranco a puxou para si na batida da música e ela arfou, e com o sorriso nunca deixando seu rosto, ele recomeçou a dançar.
Sabia o quanto o outro devia estar irritado e por mais que isso o deleitasse, não ia desviar seus olhos agora, agora ele estava preso naquela pequena bolha. Queria puni-la, queria mostrar a ela que ainda era superior mesmo que ela se achasse a primeira-dama de toda a Grã-Bretanha. E assim começaram a dançar. Diferente do marido, ela era uma dançarina boa e ágil, e logo eles estavam deslizando pelo salão, os quadris dela acompanhavam os seus nos passos mais sensuais do que da música anterior. Ele a fazia se afastar, só para puxá-la de volta, segurá-la por trás, e colando a boca em seu ouvido, murmurava.
“Parece que sua agilidade continua a mesma.”
Murmurava provocativo. antes de atirá-la e puxá-la de novo dessa vez no lado certo, vendo os seios alvos arfarem, e em seguida ela apertar os lábios.
“Parece que a sua continua péssima como sempre.”
Os olhos de prata faiscaram e ele começou a girá-la ao seu redor, de novo e de novo e de novo, fazendo uma volta ao redor dele antes de voltá-la para si e continuar a guiá-la habilmente por todo o salão. Seu corpo ia colado no dela, as mãos que a seguravam não eram gentis, e a dança era tensa, como uma corda esticada. Logo os dois já respiravam de forma descompassada, e todo o resto do salão desaparecia, enquanto ele só pensava em uma coisa. Marcá-la, como naquela noite, de tal forma que ele não pudesse tocar nela de novo sem pensar no loiro, colher na pele dela o toque daquele moreno insuportável, deixá-lo assistir enquanto os corpos se entrelaçavam e soltavam continuamente naquela dança que parecia gritar a intimidade que já haviam conhecido. Queria enlouquecê-lo de ciúme, até que ele tivesse certeza que as mãos que apertavam a cintura dela, que a erguiam do ar para girar com suas pernas ao redor da cintura, que seguravam-lhe os braços enquanto eles deslizavam com as costas esguias dela em seu peitoral, que ele tivesse certeza de que já haviam estado ali antes, que já a haviam tocado assim antes.
Nenhum dos dois falava mais. Parecia que os dois competiam enquanto dançavam juntos. Um querendo levar a dança até o ponto em que o outro não mais acompanhasse, e isso só aumentava o prazer do momento para ele. Quanto mais via a irritação dela, quando ela esperava que ele fosse finalmente tropeçar, pisar nela, ou deixá-la cair, com seus passos esquivos, rápidos e precisos, mais ele se deliciava, e mais sua vontade de não falhar aumentava. Ela tinha o cheiro dele ainda nela, quando ele levava o nariz próximo a seu pescoço, inspirando aquele maldito cheiro amadeirado, antes de se afastar dela como se a desprezasse e puxá-la de novo com raiva, sequer se importando se machucasse um pouco. E aos poucos ele sentia a convicção dela desfazer-se enquanto sua dança se tornava no limite do respeitável, sempre esbarrando na decência, aos poucos via o rosto corado do calor e sabia que mesmo contra a vontade dela, seus sentidos se lembravam daquela noite.
Isso o fez sorrir outra vez enquanto ele a apoiava de um lado do quadril e do outro, ela agilmente cruzando as pernas no ar, ao compreender o que ele queria. Até fazê-la girar como da outra vez, enquanto a música se encerrava, e terminar puxando-a para si num tranco forte, segurando-lhe a coxa ao lado do quadril. A música cessou. Ele ouviu alguns aplausos e a soltou como se ela fosse algo frágil. Sabia que ela estaria dolorida essa noite e isso o fez sorrir. Compondo sua expressão para que não parecesse cansado e ofegante como ela,  se afastou um passo e beijou a mão dela, pousando os lábios sobre o próprio dedão, antes de se afastar com um gentil.
“Senhora Potter.”
Saiu em direção ao hall da festa, para ir embora, sem olhar para trás.


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“Harry, não!”
Exclamou exasperada, tentando segurar o marido que parou a meio movimento, trincando os dentes.
“Ginny, me deixe fazer isso! Eu tenho que dar um corretivo nesse... Filho da puta, bastardo!" ela entreabriu os lábios, nunca o tinha ouvido falar assim, ou ao menos não o ouvia falar assim há anos.  "Ginny...” falou de novo, mais tenso, pegando a mão dela e puxando-a com falicidade do aperto de ferro em seu braço.
Argh! Será que ele não entendia que era isso justamente o que o loiro aguado queria?! Ele queria ver a cara de Harry, queria rir dele enquanto ele esbravejava! Que Merlim a perdoasse, as vezes ela odiava ser casada com um griffinório, não obstante ela o fosse também. Hermione fora a única que tentara ajudá-la a demovê-lo, mas Rony parou as duas, silenciando-as.
“Não, Mione, Ginny, ele está certo. Aquele filho da puta merece um corretivo.” Falou, rosnando de raiva. Ela sabia que eles também tinham visto tudo acontecer, e Rony também devia estar louco para socar Malfoy. Orgulho idiota de irmão mais velho.
“Mas, Rony!! É isso justamente o que ele quer!” irritava-se.
Ele a ignorou por completo.
“Quer que eu vá junto, companheiro? Você sabe que eu estou fervendo pra fazer isso, mas o direito e a escolha são seus.”
Harry balançou a cabeça, ainda podia-se ver cada músculo de seu corpo tenso.
“Não, tenho que fazer isso sozinho. Fique com elas.”
Falou com tamanha firmeza, que a ruiva franziu as sobrancelhas pra ele, intrigada por um momento. As vezes queria socar os dois.
“Vamos embora apenas, ele não fez nada demais, Harry e vai jogar isso na sua cara!”
“Nada demais?! Ele te tirou de mim, e dançou com você daquele... Daquele jeito....” falou como se fosse cuspir de nojo e a ruiva corou intensamente, ficando com mais raiva ainda agora.
“Eu estava lá também, sabia?!” indagou irritada. Então exasperou-se. “Quer saber, faça o que quiser, eu vou verificar as coisas na parte bruxa da festa como é o meu trabalho, e quando eu voltar, se eu fosse você já estaria me esperando em casa.”
E saiu sentindo-se irritada, humilhada e extremamente arrependida de ter aceitado aquele trabalho.
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Foi parado bruscamente ao ser agarrado pelo braço de uma forma nada educada que quase o fez cair pra trás e em seguida empurrado brutamente para dentro de uma sala privativa. Antes que desse pelo que aconteceu, já tinha a varinha em punho, na garganta de quem o arrastara e por um momento olhos verdes surpresos e estáticos o encararam, antes de ficarem furiosos, e só então ele constatou também com surpresa que a própria varinha do outro também se encontrava apertada em seu próprio pescoço. Se analisaram com os olhos, mantendo a frieza, o que era difícil quando ele nem estava com os aros de tartaruga para ajudá-lo a desviar o pensamento de outras coisas, até finalmente se afastarem um do outro por dois passos, e abaixarem as varinhas.
“Que diabos, Potter” ele chiou, ao enfiar a varinha de volta no bolso do paletó. “O que pensa que está fazendo?” indagou irritado.
O moreno tremia dos pés a cabeça e parecia completamente possesso de raiva.
“O que EU PENSO QUE ESTOU FAZENDO?! O QUE VOCÊ, “ foi agarrado pelo paletó “PENSA” atirado contra a parede e quase enforcado pela gravata “QUE ESTÁ FAZENDO?!”
Ah, Merlim, era muito melhor do que ele havia pensado, ou planejado. Pouco a pouco o sorriso foi renascendo em seu rosto até transformar-se num riso incontrolável. Como lhe fazia bem rir assim! Fazia tempo, nem mesmo no salão com a fuinha vermelha ele rira tanto assim. Então o riso se tornou num sorriso que gritava malicia, e ele analisou calmamente o rosto afogueado e os olhos verdes brilhantes que pareciam tão grandes sem a lente a diminuí-los.
“Cuidado, Potter... Posso começar a achar que está com saudade.”
Murmurou, lentamente, degustando cada palavra. Harry o encarou por um momento, completamente aturdido, então o soltou de supetão, virando-se de costas e se afastando, quase arrancando os fios negros enquanto passava os dedos aos atropelos entre eles.
“O que é que você quer Malfoy?” e o tom mudara agora, beirava ao desespero, declarava desistência, cansaço, amargura.
Draco torceu os lábios e saiu da parece, fitando a nuca do outro como se pudesse furá-la com os olhos. Porém não respondeu.
O moreno se virou para ele, os olhos grandes, bem abertos, quase úmidos da exasperação de constantemente viver dando murros em um muro sólido, incapaz de descobrir um caminho através dele.
“Por que é que você não consegue me deixar em paz?!” indagou de novo, se aproximando dele  como se fosse arrancar a resposta a pancadas.
A feição do louro se desmoronou, esfriou, e amargura do outro lhe escorreu na boca, deixando-lhe um gosto ruim, a garganta contraída e ressecada de repulsa, mas não era contra o outro e ele não sabia dizer contra o que.
“Por que você veio aqui hoje...?” respondeu afinal ao outro com uma pergunta.
Harry fez um gesto evasivo, a beira do desespero.
“Não sei, Malfoy. Pra me divertir, para passar UMA noite longe de você, sem ter a sua presença irritante.”
O loiro torceu os lábios com óbvio desgosto.
“E você faz isso vindo a uma festa da qual eu sou o anfitrião?­” indagou com sarcasmo.
As narinas do outro inflaram de irritação.
“Eu não achei que ia vir a sessão trouxa, e mesmo se viesse, não achei que ia tentar me matar de irritação outra vez.” se aproximou dele de repente, parecendo tomado outra vez pela irritação que descrevia. “QUEM você PENSA que é, para fazer aquilo com a minha esposa?”
Indagou, trincando o maxilar. E ao ouvi-lo enunciar o título daquela forma, Draco enfureceu-se. Segurou-o pelos ombros e como havia sido prensado, prensou o outro na parede, apertando os dedos fortes em seus ombros, enquanto ele se contorcia. Até que o moreno parou, ofegante.
“Eu vou te socar outra vez” anunciou “e de novo e de novo até você desmaiar de tanta porrada se você não me soltar neste minuto.”
Mas o outro nunca se importara com esse falatório.
“Mentiroso.” Acusou calmamente. O outro se contorceu de novo, emputecido com o loiro, mas este não se moveu um segundo. Colou a boca no ouvido dele, tratando-o como tratara sua ‘esposa’ mais cedo. “você veio me ver. Admita. Não interessa suas desculpas... Aposto que não ficou com ciúme da sua ruivinha e sim de mim...” jorrava um conjunto de palavras que não era para ter sentido, só objetivo de enraivecê-lo, enquanto agilmente enfiava uma perna entre as dele, pressionando a coxa entre elas, o corpo se colando no dele, enquanto uma mão lhe apertava o quadril e os lábios pegavam o lóbulo macio e sugavam devagar, molhando-o. “admita...” murmurava. “você queria estar no lugar dela... estava louco para que eu o pegasse assim de novo.”
“Cale a boca!”
A boca logo desceu para o pescoço, sentindo aquele cheiro de que tivera meramente um eco minutos atrás, e agora sentia direto da pele dele enquanto a mordia, sugava e cobria com suas marcas, saliva fresca, remarcando toda a pele que lhe pertencera àquela noite. O que ele estava fazendo? Nem ele sabia. Só sabia que tinha um desejo feroz nele de provar o outro de novo, ouvir seus gemidos, sentir o seu corpo... Sua cabeça começou a zunir ao sentir o outro fraquejar e arfar abafado. Não suportou. O modo como esmagava o outro, prendendo-o de forma instintiva e estratégica impedia que ele sequer virasse a cabeça e ele se aproveitou completamente da situação. Não queria saber onde estavam, não queria saber se todas as pessoas que podiam arruinar sua vida se vissem aquilo estavam lá fora agora, nada mais importava, além de toda a raiva de Harry ter subitamente se transformado numa guerra silenciosa e forte, que ele queria e ia vencer. Por que ele não gritava? Provavelmente por que não queria ser encontrado naquela situação, rendido, humilhado.
Sua mão encontrou caminho sem dificuldade, abrindo o zíper e entrando pela cueca sem rodeios. Não tinha tempo para ser gentil, ou inventivo. Seu desejo gritava em seus ouvidos, e nada importava agora a não ser ver o rosto do outro mais uma vez ao fazê-lo atingir o ápice, ao fazê-lo gozar em suas mãos mesmo que não quisesse. E ao encontrar uma ereção já a meio caminho ele gemeu, baixo, profundo no ouvido do outro, sugando-lhe a orelha, mordendo-lhe o maxilar, lambendo o rosto suado e ouvindo o choramingo dele enquanto começava a masturbá-lo fortemente, fazendo o membro endurecer e inchar rapidamente entre seus dedos.
“Não Malfoy.... Por favor...!” implorou o outro, numa voz embargada, mas o louro não lhe deu ouvidos ou sequer respondeu. Estava completamente irracional, só sabia que queria levar aquilo até o fim.
Desejou fazer mais, mas sabia que agora não era como antes. Se ele ousasse soltá-lo, tomá-lo como queria, sabia que o outro despertaria de sua letargia e o chutaria na boca antes de disparar pra longe. Mesmo agora ele lutava, apertava-lhe os braços até doer a pele, empurrava-o, se batia contra ele, e ainda assim gemia num tom choroso, enquanto o loiro continuava incansável, sem ligar se apele era arranhada ou machucada, pois nada mais importava. Logo o membro já estava babando em seus dedos e ele se deixou melar com alívio no líquido que facilitava seu trabalho. Harry depois de um tempo parou de lutar, apenas ficou muito quieto, soltando pequenos gemidos, cada vez mais freqüentes, mais ofegantes... Ah, aqueles lábios tão vermelhos de ele mesmo os terem mordido, entreabertos, aqueles olhos enevoados... como queria beijar aquela boca, tirar-lhe todo o ar que lhe restava, abafar aqueles gemidos com sua língua. Os únicos sons no cômodo eram os gemidos do moreno, suas respirações aceleradas e o som da sua mão que trabalhava rapidamente, naquela masturbação apressada e nada cuidadosa, esfregando os dedos contra a glande que já pulsava, melada, exigindo sua recompensa.
Mais uma vez se pegou perguntando como o outro podia ser tão quente! Todo seu corpo estava aquecido agora, colado no dele, ele podia sentir cada músculo tenso por baixo do pano acetinado das roupas sociais, quente, escorregadio, e seu corpo se agitava, se apertava e friccionava contra o dele. Podia ver os mamilos arrepiados no tecido da camisa que estava puxada, apertada e torcida de todas as formas ao redor do corpo esguio do outro, por causa da luta de antes e isso lhe dava água na boca. Ele mesmo já exibia uma ereção completamente apertada na calça e mesmo assim não ousava aliviar-se, não ousava nada alem de esfregar o quadril contra a coxa quente do outro, e tentar assim acalmar-se um pouco. E quando afinal os gemidos se tornaram em soluços baixos, sua recompensa veio.
Ele não parou de massagear o membro torturado até que a última gota tivesse saído. Então se deixou ficar ali, segurando a ereção pulsante e muito quente entre os dedos, o maxilar do outro servindo como apoio para sua testa.
“P...Por que...”
Ouviu aquele murmúrio e afastou o rosto para olhá-lo. Garganta, pescoço, parte da nuca, o queixo, o maxilar, tudo exibia sinais de sua passagem, entretanto também haviam marcas de lágrimas, e os olhos verdes ainda estavam cheios ao olhar para ele como  que através de uma névoa. Ele parecia tão frágil, desamparado, derrotado, humilhado. Draco arregalou os olhos, completamente estático.
“Por que você não pode... me deixar em paz?”
O outro terminou afinal, embora ainda ofegasse, e Draco sentiu como se o chão lhe faltasse. Estremeceu e quando deu por si, já tinha lhe cobrido a boca com a sua.


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Humilhado. Outra vez tinha se deixado tocar daquela forma por aquele homem, outra vez tinha se desfeito nas mãos dele. Por que é que ele não lutava mais, não tentava alcançar a varinha com mais esforço, não brigava até que o outro tivesse que bater nele para mantê-lo no lugar? Por que é que a última coisa que seu corpo queria era lutar quando aquelas mãos e boca, dentes, língua, começavam a tocá-lo? Por que é que ele se deixava excitar por aquele discurso humilhante, nojento, sarcástico, de alguém que só queria degradá-lo?
Agora havia um gosto amargo em sua boca, como se o outro tivesse deixado veneno nela. Ele estava derrotado. Não havia mais sentido em lutar. Assim, quando ele afinal conseguiu lhe perguntar aquilo e o outro lhe cobriu a boca com a sua sem responder como de praxe, ele não tentou resistir. Deixou que fizesse o que quisesse, o pior ele já tinha feito mesmo. Ademais aquele beijo foi tão cuidadoso, tão gentil, tão diferente da brutalidade de antes que pouco a pouco ele foi sentindo aquela dor seca se desintegrar, como se o outro lhe recolhesse o próprio veneno dos lábios, percorrendo-o com a língua como se ele fosse quebrar-se se não fosse calmo. E quando terminou, ele o fitou novamente com aqueles olhos. Aqueles olhos que não eram cheios de sarcasmo, amargura, ódio, aqueles olhos com que o fitara tantas vezes naqueles dias na sala precisa e depois muitos anos depois, no mesmo lugar, e agora.
Aquele olhar que ele não entendia, como se olhar para ele doesse no outro, o machucasse. E tão de repente como tudo havia começado, terminou. O loiro o soltou de supetão e se afastou, parecendo profundamente perturbado antes de lhe dar as costas e bater a porta deixando-o ali, de pernas bambas, zíper aberto, e todo melado com a confusão que ele tinha causado. Ficou estático por um momento então se deixou cair ao chão. Enterrou a cabeça entre os  dedos e apertou os olhos com força que insistiam em derramar lágrimas enquanto ele tentava mais uma vez os propósitos daquele que não parecia ter outro motivo na vida a não ser confundi-lo por completo.








 Respostas aos últimos comentários no blog:


Lisa:  

AHHHH saudade de você!!! Volta logo!!!!!

ok ok, parei com o ataque xD nhá, mas é claro neh, se não não haveria história se ele estivesse completamente curado xD você sabe que comigo as histórias nuncam deslizam facilmente para um final feliz, por que elas são realistas, então ainda vai haver muita tensão pela frente.
Ron realmente sequer imagina, apesar de todas as pistas. Há que se amar uma pessoa que é inocente a esse ponto hahahaha, espero que goste desse capítulo quando você voltar!


Monica Dias:

HAHAHAHAHAHAHAHA eu sofro o mesmo problema xD a Ginny sempre me parece um incoveniente nas fanfics, mas eu gosto muito dela como personagem. Ela é engraçada, tem personalidade forte, é corajosa, e tem um pouco de bom-senso apesar de não muito mais do que o irmão xD... E sim, tem cenas TOTALMENTE Drarry nos livros kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk nossas esperanças não são infundadas.

Espero que tenha gostado da festa e do que senhor Draco fez a senhora Potter, e do fato de ter tido alguma ação xD como desejaste.

Perdão pela GIGANTESCA demora.

beijos!



Hans


HAHAHAHAHAAHHAHAHAHAHAHHAHAHA eu sempre rio com os seus comentários, e eles me inspiram a piadas nos capítulos seguintes, acho que você já sabe disso ao lê-los xD. Sorte do Rony ele ser tão obtuso!

Draquinho aproveitou, mas acabou arrependido... será?? xD veremos no próximo. 


kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk MALFOY E COUNTRY NÃO ENTRAM NO MESMO CAPÍTULO, SORRY xD nem pensar *rindo*

luv ya.







4 comentários:

  1. Seu desejo foi atendido por algum gênio invisível e aqui estou eu de volta. Adivinhei o q ia acontecer lá lá lá lá láááá. Enfim, sim, sim, muito bom seu capítulo.
    O Harry que me desculpe, mas eu gosto mais do Draco. Aliás sempre gostei. E não sei por que eu penso se tem algo em comum com a Charlote nessa hora. Mas tá bom. E ao mesmo tempo eu me pergunto o que eu tenho em comum com a Charlote pra ela vir na minha cabeça. Você sabe me dizer? humm... deixa essa conversa pra outra hora.
    Bela dança, viu? ;) gostei. Mas queria eu é encher a senhora Potter de tapas por ser tão irritante, chata e tonta. ¬¬"

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  2. ahhhhh vc voltooou, nossa nem comentei cap. passado que eu nao tive tempo de comentar e depois me esqueci HAUHAUAHUAA
    mais amei sua voltaaa, espero que nao demore muito da proxima vez ! OK? HAUHAA
    aaah a dança foi muito boa, sei que vc gosta da ginny e tudo maaaaas... ahhh odeio a ginny, nao sei se é pq quase toda fic que eu ja li sobre hp ela é uma cobra/mimosa/vadia/piranha/pistoleira HHAUHAUAHUA entao eu ME ACOSTUMEE XD, mas na sua fic tb ela nao é muito flor que se cheireee!!
    aiai draquete meu filhaa, altamente ativão...ate me sinto meio mal por ele, fiquei imaginando o pobre olhando essa dança sensuaal da sua dignissima e do dray HAUHAUAH
    beijão lindonaaaa!!! espero vo proximo cap.
    =*********

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  3. Você voltou! Demorou tanto tempo que eu perdi as esperanças e só fui conferir agora se tinha capítulo novo. E que capítulo! Cheio de malícia e tempestivo como Draquinho.
    Como me dá pena desses dois que não assumem logo um caso clandestino de amor. Mas isso é meio que impossível com a moral grifinoria do Harry.
    Aguardo ansiosa o desenrolar dos próximos capítulos.
    Beijos linda.

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  4. já faz mais de um ano.eu gostaria de ter reparado nisso quando topei com o blog.mas como sou distraída em demasia só notei depois.como você mesma já mencionou aqui,é difícil encontrar boas drarry hoje.e desprezo tem tudo para ser uma boa.por favor não a abandone (se já o fez reconsidere)e se está sem ideias deixa um post sobre isso.quem sabe algumas opiniões podem te dar uma luz.eu mesma tenho algumas....e se não for voltar...bom um aviso aos desavisados seria legal.tipo fic em hiatus ade infinitum

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